2 de junho de 2011

Tricotada Fashion


Dia desses, friozinho e chuvoso, fui tomar um delicioso chá com meu amigo estilista Beto Cadorin, em seu apê/ateliê, lindamente decorado aliás.

O estilista no seu momento criação
Nosso chá foi recheado com um delicioso papo sobre moda, decoração, mídia, eventos e afins. Aproveitei para fazer uma breve entrevista sobre sua profissão e recebi de presente um vislumbre de duas moulages fantásticas.
Abaixo seguem as fotos do momento e o resultado da entrevista bem casual e animada que fizemos.

Beto diz que sua paixão pelo mundo da moda começou muito cedo, quando nas férias de verão da infância passava na casa da avó, uma senhora simples e fina, sempre bem arrumada, e que possuía uma caixa de costura com fitas, rendas e lantejoulas que despertaram a curiosidade criativa do moço. Pudera! Uma caixa dessas desperta a curiosidade de qualquer um e certamente suas lembranças são eternas!
Baú com seus tecidos
Continuando seu relato, Beto fala da mãe, que foi inicialmente locutora de rádio nos anos 50 e posteriormente, Secretária da Educação. Uma mulher a frente de seu tempo, moderna, bem vestida, de personalidade forte. Nesse momento, tive um breve delírio, imaginando essa mulher forte numa época frágil como os anos 50. Muitas dessas mulheres, ditaram moda. Nessa época, o futuro estilista já se deslumbrava com mídias como as revistas Desfile, Cláudia e O Cruzeiro, responsáveis pela divulgação da moda naquele momento. Como muitos de nós, brincou com bonecas com a irmã mais nova, e lembra muito da boneca Suzy, hit fashion desta época.

Beto lembra que naquele momento a moda era coisa de “homens delicados e mulheres frívolas”, e não fazia parte da economia do país, ou pelo menos não era vista como tal. Casa Canadá, Clodovil e Dener eram os maiorais da moda nacional, ditando aqui e ali as tendências para as bem-nascidas e quem pudesse segui-las.

Seu material de trabalho interage com a belíssima
decoração do ambiente
Na escola, obviamente, o garoto Beto adorava as matérias de arte e desenho, antecipando aí seu gosto pela criação. Quando jovem, foi modelo, desfilando na mesma época de ícones como Deise Nunes e Laura Wie. Começou a desenhar roupas para a mãe, irmã e amigas. As pessoas gostavam e começaram a pedir. Largou as passarelas e o gosto pela moda o tornou estilista, numa época em que escolas de moda ainda eram raridades.
Hoje é criador de roupas de festa, decorador , presta consultoria fashion e ainda faz cerimoniais em festas chiquérrimas. Conta com mais de 20 anos de experiência dedicados à moda e a criação e hoje, depois de toda essa estrada, resolveu cursar a faculdade de Moda. Mesmo acreditando que, diferentemente de um advogado ou engenheiro, não se forma um estilista em banco de universidade, é a prática constante que faz nascer um bom criador, mas atualizar-se e acompanhar o momento e o contexto atuais se faz muito necessário e é de extrema importância para se manter no mercado, por isso resolveu cursar a faculdade.

Beto ainda falou que acredita muito na maturidade da Moda brasileira e que os responsáveis por isso são modelos, escolas e as semanas de moda nacionais que estão ganhando a cada ano mais respeito e credibilidade.
Detalhes do ambiente. Beto tem um bom gosto incrível
Como nasce a obra
 

Moulage Turquesa
 

Moulage com mix de texturas: cetim, renda e estampado
Para finalizar, frases suas: “A moda hoje vem da rua e vai para a passarela, não mais de uma minoria ditadora. Temos que saber o que o público deseja, pois é ele quem define as criações”. “Estilo, atitude e boa dose de bom-senso são essenciais na hora do vestir. O espelho é o melhor aliado, abuse dele”.
Finalizo aqui este post sobre uma “tricotada fashion” feita em uma tarde chuvosa de outono e que rendeu um papo pra lá de gostoso. Abaixo o flyer com seus contatos.


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